sexta-feira, 28 de junho de 2013

Como a leitura entrou na minha vida



Na infância não tinha acesso à leitura em casa, meus pais eram muito humildes e não sobrava dinheiro para comprar livros de leitura, por isso meu primeiro contato com leitura foi na escola. Lembro-me com saudade do livro "A ilha perdida", da coleção Vagalume. Tamanho foi o encantamento com as aventuras e descobertas das personagens do livro que depois quis ler tantos outros da mesma coleção. 
Felizmente os livros hoje em dia são bem mais acessíveis, mas ainda é preciso muito incentivo, já que, em questão de entretenimento e diversão, concorrem com tantos outros recursos tecnológicos e imediatos.
 A descoberta da leitura foi tão mágica na minha vida que não parei mais de ler. Os livros são meus companheiros, leio muitos livros por ano e sempre que posso mergulho em um mundo de emoções e descobertas que só pode ser traduzido no universo maravilhoso de ler.
Como professora procuro despertar o interesse pela leitura de meus alunos. Apesar de não termos uma biblioteca organizada e um espaço físico adequado, levo para a sala de aula "caixas" com livros de diversas histórias (inclusive os da série Vagalume) e leio trechos de alguns livros para eles. É muito gratificante perceber que alguns alunos estão gostando de ler e que até pedem livros de presente aos pais. Tenho certeza de que a história de algum livro também marcará a infância deles...

quinta-feira, 27 de junho de 2013



Sequência Didática do texto: "Avestruz" - 
Mario Prata
Público Alvo: 5ªsérie/6ºano

Tempo previsto: 4 aulas
Conteúdo: elementos da narrativa, descrição, produção de parágrafo descritivo, adjetivos.
Competências e habilidades: ler textos narrativos descritivos, reconhecer elementos da narrativa e da descrição, produzir pequeno texto descritivo, analisar o emprego do adjetivo e da locução adjetiva, localizar e comparar informações e desenvolver a competência leitora.
Estratégias: leitura de texto narrativo, identificação de elementos descritivos no texto narrativo, produção de pequenos textos descritivos.
Recursos: texto, dicionário, imagem, letras de música, notícia.
Avaliação: ocorrerá durante todo o processo desde a participação oral até as questões voltadas as estratégias de leitura, bem como a produção descritiva.
Avestruz

 
Mário Prata
O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus dez anos, uma avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu as avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.
Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruzes. E se entregavam em domicílio.
E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. A avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar a avestruz, deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa uma avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase três metros. 2,7 para ser mais exato.
Mas eu estava falando da sua criação por deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí assustando as demais aves normais.
Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé. Sacanagem, Senhor!
Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que logo depois, Adão, dando os nomes a tudo que via pela frente, olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha.
Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que elas vivem até os setenta anos e se reproduzem plenamente até os quarenta, entrando depois na menopausa, não têm, portanto, TPM. Uma avestruz com TPM é perigosíssima!
Podem gerar de dez a trinta crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.
Ele insiste, quer que eu leve uma avestruz para ele de avião, no domingo. Não sabia mais o que fazer.
Foi quando descobri que elas comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem.
Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu.
Pedi para a minha amiga levar o garoto num psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.
PRATA, Mário. Avestruz. 5ª série/ 6ºano vol. 2
Caderno aluno p. 9
Caderno do Professor p. 18
  
Antes da leitura:
I - Ativação dos conhecimentos prévios, antecipação ou predição de conteúdos:
. Alguém conhece ou já viu um avestruz? Onde viram?
. Como você descreveria um avestruz?
. Seria possível ter um avestruz como um animal de estimação?
. O texto que será lido tem como título: “AVESTRUZ”. Onde você acha que se passará a história?
Durante a leitura:
Iniciar a leitura do texto, mas ler apenas o primeiro período.
. Quem pediria um avestruz como presente de aniversário?
. Vocês acham que o menino ganhará o presente?
II – Localização, comparação de informações:
. Onde foi que ele viu a avestruz?
. O que foi que chamou a atenção dele?
  Prosseguir a leitura até o terceiro parágrafo.
 . Onde mora o menino? E onde mora o narrador?
.  Qual o peso e a altura média de uma avestruz?
.  Seria possível ter uma ave desse porte num apartamento?
.  A que o narrador compara o avestruz? E o seu pescoço?
. Como o avestruz é descrito no texto?
. Faça o desenho de um avestruz, de acordo com a descrição do texto.
. Agora observe a imagem e responda:

a)      Qual a semelhança entre a imagem e o seu desenho?
b)      Aponte diferenças entre seu desenho e a imagem acima.
Continuar a leitura até o final.
Depois da leitura:
III - Produção de inferências locais e globais:
.  Existe alguma palavra no texto que vocês não conheçam o significado? ( TPM, menopausa, atrofiada, gigolô ...) Procure no dicionário.
. O que o autor quis dizer com as orações:
a)      “Uma fêmea de avestruz com TPM é perigosíssima!”
b)       “Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz”?
. Quais argumentos do narrador convenceram o menino a desistir do presente?
IV – Recuperação do contexto de produção de texto e definição de finalidades e metas:
. O que vocês acharam do garoto do texto?
. O texto lido é uma crônica? Apontem duas características desse tipo de texto.
. Você tem ou teve algum animal de estimação? Faça um pequeno texto descrevendo-o.
. Circule os adjetivos que você utilizou para descrever em seu texto.
V – Percepção de intertextualidade e interdiscursividade:
. Qual a relação deste texto com as músicas abaixo?


 Avestruz
Tava cansado de viver lá na roça
De andar só de carroça, resolvi então mudar
Vendi meu sítio, vendi vaca e galinha
E peguei tudo que eu tinha na cidade fui morar
O meu dinheiro tava num banco guardado
Veio um cara engomado disse vou te dar uma luz
Mais que depressa peguei o meu capital
Fiz um negocio legal comprei tudo em avestruz
O paladar desse bicho é aguçado
Ta no seu papo guardado o dinheiro que eu pus

Avestruz hoje eu to enrolado
Avestruz que bichinho esfomeado
Avestruz come terra e come gado
Avestruz realmente to quebrado

Pra me ajudar a tocar este negocio
Arrumei foi muito sócio veja só no que foi dar
Cabeleireira empenhou sua tesoura
Diarista a vassoura hoje vive a reclamar
Tinha um amigo que dizia ser esperto
Teve prejuízo certo hoje ta desesperado
Foi a motoca, foi a égua e a poupança
Realmente foi lambança, só deu cheque carimbado
Até o vovô que guardava um dinheirinho
Comprou quatro filhotinhos lá se foi seu ordenado

Avestruz hoje eu to enrolado
Avestruz que bichinho esfomeado
Avestruz come terra e come gado
Avestruz realmente to quebrado

Neste negócio de comprar este bichinho
Fiquei falando sozinho e agora o que fazer
Comeu o carro, foi também a camioneta
Só não foi a bicicleta pois não consegui vender
Era feliz e vivia controlado
Com a família do lado não devia pra ninguém
Na quebradeira que esse bicho me deixou
Minha mulher me abandonou e meus amigos tamém
To apertado igual um pinto no ovo
Este bicho é um estorvo, nem me fale nesse trem

Avestruz hoje eu to enrolado
Avestruz que bichinho esfomeado
Avestruz come terra e come gado
Avestruz realmente to quebrado

Avestruz, comeu até minha aposentadoria!!!
Xtudo e o Avestruz

Hélio Ziskind

papagaio, beija-flor, galinha, urubu,
são aves

Na África
vive
a maior ave do mundo.

é grande dá pra montar;
com um chute pode matar;
quando corre, chega a 70 Km por hora;

é capaz de comer
pedra, arame, galho, grama,
relógio, anel,
bola de gude
COME TUDO!
X - Tudo
é pernudo, pescoçudo,
tem pena macia
põe um ovo enorme
que parece melancia

É ave
mas não voa
Quem sabe o nome dela?

Nunca fala nada
come X-tudo.
A-ves-truz
é mu-do.

(dá pra repetir?)



VI – Elaboração de apreciações relativas a valores éticos e/ou políticos:

. O que pensam sobre os pais que dão tudo o que os filhos pedem?

. E se o menino persistisse na ideia de ter o avestruz? Como seria?

. Leia a notícia a seguir e analise com o que você respondeu anteriormente.

Família divide espaço com passarão gigante

Ave gigantesca adora sentar na sala de estar com os "irmãos" e assistir televisão

Do R7

Reprodução/Metro UK



Isso sim é uma história EMUcionante - perceba que, enquanto a família não vê, Ian não solta a franga de jeito nenhum



Muitas famílias não estão completas sem algum bicho de estimação. Cachorros, gatos, peixinhos, pássaros e até tartarugas.

A família Newby, que mora na Inglaterra, decidiu ter um animal um tanto quanto exótico em casa: um emu.

Os emus são as segundas maiores aves do mundo, perdendo apenas para os avestruzes.

Beaky, como é chamada a grande ave, divide espaço com os seis filhos do casal Ian e Lisa Newby.

O mais curioso é que Beaky gosta de se sentar na sala com a família e assistir TV.

O animal pesa quase 90 kg e come grandes quantidades de brócolis e couve-flor todos os dias.

Ian, que tem um projeto para salvar animais, conta como Beaky entrou na vida de sua família.

- Minha mulher meu deu a Beaky quando ela ainda era um ovo, dois anos e meio atrás.

Beaky adora correr com as crianças e até divide brinquedos com elas. O mais velho da família tem 7 anos de idade e o mais novo apenas 10 meses.

Além de comer brócolis, Beaky consome quase 6 kg de milho por semanas.

- Ela vai comer basicamente qualquer coisa que deixarmos. As leis do Reino Unido permitem emus como animais domésticos.

Ian explica, no entanto, que não é qualquer um que pode criar um bicho desses.

- Eles vivem 60 anos, crescem muito fortes e nem todos são tão amigáveis quanto a nossa especial Beaky. Quando ela fica feliz, vira a “Beaky Kung-Fu” e começa a correr pelo jardim. Ela pula muito alto e joga as pernas para cima.

Bom, um ovo do bicho alimenta a família inteira por uma semana, não é?

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Comentários sobre a aquisição e prática da leitura.

       
        O papel da escola no ensino da leitura deve ser entendido como um processo que tem início na alfabetização, mas não tem fim, ou seja, continua por toda a vida.
        Eu acredito que os professores já trabalham  com objetivos entre eles  a leitura e a escrita, para que os alunos desenvolvam suas habilidades e competências.
         Além disso, é sempre bom lembrar que a leitura, seja ela oral ou visual, não constitui uma disciplina. Uma vez que não possui um conteúdo específico, não pode ser ensinada separadamente como a maioria das outras disciplinas do currículo.
         Ao contrário, a leitura faz parte de todas as disciplinas e deveria ser mais frequentemente encarada como um instrumento para facilitar e promover muitos dos tipos de aprendizagem, nos diferentes campos do conhecimento.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Paixão pela leitura...


Aos 95 anos, aposentado de Sorocaba diz ter alcançado a marca de dez mil livros lidos



Cid Odin Arruda diz que um de seus recordes foi terminar um livro de 1.110 páginas em apenas cinco dias

16 de maio de 2013 | 20h 29

José Maria Tomazela - O Estado de S. Paulo

SOROCABA - O aposentado Cid Odin Arruda, de Sorocaba, acaba de atingir um recorde: aos 95 anos, ele alcançou a marca de dez mil livros lidos. Simbolicamente, o décimo milésimo volume foi retirado no último dia 9 do Gabinete de Leitura Sorocabano, quando Arruda levou para casa o volumoso “O Cemitério de Praga”, do escritor Umberto Eco. “Estava curioso, mas fiquei um pouco decepcionado com a história”, comentou três dias depois, com a leitura quase no final. A marca obtida pelo homem que se diz “viciado em livros” é simbólica. A rigor, ele acha que leu alguns milhares de títulos a mais. “Antes, minha média era de quatro livros por semana”, diz.





Epitácio Pessoa/Estadão


Aposentado ganhou medalha cultural em 2008


O aposentado não guarda livros em casa. Ele prefere viajar em busca de boas leituras e se tornou conhecido em bibliotecas até de outros Estados, como o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás. Em Guarapari (ES), esteve 22 vezes e em todas visitou a biblioteca. Funcionários desses locais veem-se no dilema de encontrar um livro que Arruda ainda não tenha lido e já se referem a ele como o “senhor Biblioteca”. No Gabinete de Leitura, em Sorocaba, fundado em 1866, ele é um dos sócios vivos mais antigos. Em 2008, foi agraciado com a medalha cultural concedida a pessoas compromissadas com a cultura. O problema é que ele já leu quase todo o acervo, segundo a funcionária Nilcéia Alves dos Santos. “Quando ele pede um livro, tenho de buscar lançamentos.”


Na companhia da mulher, a professora Elza Bertazini Bracher, de 86 anos, também amante dos livros, Arruda viaja entre oito e dez vezes por ano e escolhe como destino cidades que têm bibliotecas. Ele prefere edições volumosas, mas com personagens bem definidos. Um de seus recordes foi um livro de 1.110 páginas lido em cinco dias. “Sou ruim para nomes, mas lembro que a coleção mais detalhada de Os Miseráveis (Vitor Hugo), com sete volumes, foi lida em uma semana.”


O hábito da leitura vem de família. O avô, José Antão de Arruda, foi o primeiro bibliotecário do Gabinete Sorocabano, cargo depois exercido por seu pai, José Odin de Arruda. Era função do bibliotecário indicar livros para estudantes e sócios. “Como meu pai não tinha tempo de ler todos, pegava um pacote de livros e pedia que eu lesse e contasse a história para ele.” O então menino de 12 anos pegou gosto. “Lia às vezes um livro inteiro no dia e, quando eu dizia que era ruim, meu pai vetava.” Ele também era incentivado pela mãe, professora.


Apesar da paixão pela leitura, Arruda não gostava de estudar e, ao contrário dos pais, que hoje dão nome a escolas da cidade, não se tornou professor. “Sempre preferi o comércio e só estudei até o primeiro ano da antiga escola normal.” Arruda leu todos os clássicos, de “Os Lusíadas” (Camões) a “Dr. Jivago” (Boris Pasternak) e a Bíblia completa, várias vezes. Entre os preferidos estão obras que versam sobre reis, imperadores e faraós. Entre os brasileiros, Machado de Assis, Graciliano Ramos e Jorge Amado. “Oh, caboclo bom!”, diz sobre o baiano. Sobre os autores modernos, uma crítica. “Eles criam personagens demais, deixam o livro difícil de entender.” Arruda ainda toma ônibus para ir à biblioteca e se considera um dos mais antigos leitores do Estadão. “Ele é um fã, a primeira coisa que lê na biblioteca é o jornal”, diz dona Elza.


http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,aos-95-anos-aposentado-de-sorocaba-diz-ter-alcancado-a-marca-de-dez-mil-livros-lidos,1032541,0.htm

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Uma pequena homenagem



"Na minha casa, todo mundo lia. Eu comecei aos 4 anos e o mundo se abriu para mim. Aprender a ler é uma grande aventura. Abre os olhos, os ouvidos, a cabeça. Cria interesses, desperta a curiosidade. A leitura dá uma chance às melhores emoções. Trata-se de uma doença infecciosa - uma vez exposta a essa contaminação, a maioria vai gostar. O livro é o melhor amigo de uma pessoa. Um brinquedo diferente, que nunca acaba. Um objeto mágico, maior por dentro do que por fora. Cabe um dinossauro, um castelo, um trem. E só abre quando der vontade."   (Tatiana Belinky)

domingo, 16 de junho de 2013

Sequência didática do conto “Pausa” – Moacyr Scliar

Público alvo: 8ª série/9º ano
Tempo previsto: 4 aulas
Objetivo: explorar, desenvolver e ampliar a capacidade de leitura reconhecendo a tipologia narrativa: conto e despertar o interesse pela leitura.
Conteúdos: elementos da narrativa; características do gênero conto; pontuação; vocabulário.
Competências e habilidades: inferir, reconhecer e analisar as características do gênero e desenvolver a competência leitora.
Estratégias: leitura compartilhada, análise e comparação do conto através das diversas estratégias de leitura.
Recursos: texto, dicionário, letras de música, imagens, trecho de filme.
Avaliação: ocorrerá durante todo o processo desde a participação oral até as questões voltadas as estratégias de leitura.

Capacidades de compreensão

I - Ativação de conhecimentos prévios

Quanto ao portador: O professor pode iniciar mostrando aos alunos a obra “Pausa - 25 contos de Moacyr Scliar” e levantar alguns questionamentos:
* Como se trata de um audiolivro, que diferenças podem ser encontradas nesse formato em relação ao livro escrito?
* Qual a sua função social? Esse formato pode atender algum público específico?
Quanto ao autor e sua obra:
* Já ouviram falar do autor?
* Já leram algum texto de sua autoria?
Quanto ao gênero:
* O que você sabe sobre o gênero “conto”? Que características apresenta  esse tipo de narrativa?
* Você se recorda de algum conto que já tenha lido ou ouvido?
Outros indicadores:
* Atentar ao título, ilustração, ressaltando que os mesmos remetem ao conto sobre o qual farão a leitura.
* Esclarecer que essa estratégia é comum em coletâneas.
* Leitura da contracapa a fim de introduzi-los na temática da coletânea e no estilo do autor.





II - Antecipação ou predição de conteúdos ou propriedades dos textos

Esclarecer aos alunos que o texto base estará no formato escrito.
* Observar a imagem e responder:


a) O que significa?
b) Quando utilizamos a pausa?
c) A pausa é importante? Justifique.



Levantamento de hipóteses a partir da leitura do título do texto base:
* Por meio do título é possível antecipar o conteúdo do texto?
* Tendo como base esse título, o que é possível imaginar que acontecerá na história?

Pausa - Moacyr Scliar
            Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu,bocejando:
— Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.
— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
— Por que não vens almoçar?
— Já te disse; muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
— Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
            - Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
- Estou com pressa, seu Raul - atalhou Samuel.
- Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
- Aqui, meu bem! - uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
           Dormir.
           Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: índio acabara de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
- Já vai, seu Isidoro?
 - Já - disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
- Até domingo que vem, seu Isidoro - disse o gerente.
- Não sei se virei - respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
- O senhor diz isto, mas volta sempre - observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.

(in: Alfred Bosi,org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. P. 275)

III - Levantamento e checagem de hipóteses serão feitos ao longo da leitura.

 Leitura do primeiro, segundo e terceiro parágrafo.
* Por que a personagem colocou o relógio para despertar?
* Em que dia da semana, provavelmente tenha se passado esse fato? Por quê?
Leitura do 4º ao 10º parágrafos.
* Por que ele sai cedo todos os domingos?
* Onde ele poderia ir?
* O que você entende por “azedume na voz”?
* Como você imagina que seja a esposa?
Leitura do 11º e 12º parágrafos.
* Por que ele estacionou numa travessa quieta, a duas quadras de seu destino?
* Qual seria o seu destino?
* Por que ele hesita e entra no hotel furtivamente?
Leitura do 14º e 15º parágrafos.
* Por que o gerente o conhece?
* Por que o chama de Isidoro?
* O que seria “o de sempre” a que o gerente se refere?
Leitura dos parágrafos 16 e 17.
* Quem seriam as duas mulheres?
* Você acha que ele entrou no quarto de uma delas?
Leitura dos parágrafos 18 e 19.
* Por que ele teria fechado as cortinas e colocado o relógio para despertar?
Continuação da leitura até o 31º parágrafo.
* Para onde ele deve ir depois de sair do hotel?
Conclusão da leitura do parágrafo 32.
* Após a leitura do conto, suas hipóteses foram confirmadas?

IV – Localização, comparação de informações e generalização.

* Qual a reação da esposa ao perceber que o marido sairá mais um domingo? Retire um trecho que comprove sua resposta?
* O marido se justifica de maneira amigável? Justifique com um trecho do texto.
* A personagem Samuel parece ser uma pessoa cansada, de certa idade, embora jovem. Localize no texto as características que comprovem a afirmação acima.
* Ao refletir a respeito do texto, qual a relação com a letra da música “Epitáfio”, onde o eu lírico reclama que não teve tempo para parar e viver a vida.

Epitáfio
Titãs
Devia ter amado mais

Ter chorado mais

Ter visto o sol nascer

Devia ter arriscado mais
Até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...


Queria ter aceitado
As pessoas como elas são

Cada um sabe a alegria

 E a dor que traz no coração...


O acaso vai me proteger

Enquanto eu andar distraído

O acaso vai me proteger

Enquanto eu andar…


Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...


Queria ter aceitado
 A vida como ela é

A cada um cabe alegrias

 E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar… (2x)


Devia ter complicado menos

Trabalhado menos

Ter visto o sol se pôr...
Composição: Sérgio Britto






 V -  Produção de inferências locais.

* Qual o sentido das palavras em destaque na frase?
“As ruas ainda estavam úmidas de cerração”
“ Olhou para os lados e entrou furtivamente
* A palavra em destaque foi empregada a fim de evitar a repetição de uma palavra já mencionada anteriormente. Qual?
– “Aqui, meu bem”! - uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
* Sublinhe e procure no dicionário as palavras desconhecidas do texto.

VI - Produção de inferências globais.

* Na frase “A mulher coçava a axila esquerda.” O que denota essa atitude da esposa?
* Como seria o relacionamento entre o casal? De cumplicidade e respeito ou indiferença? Que indícios o levam a levantar essa hipótese?
* Qual é o significado da palavra “cacarejo” dentro do texto?

Capacidades de apreciação e réplica do leitor

VII – Recuperação do contexto de produção de texto e definição de finalidades e metas

* Qual a intenção do autor ao descrever a rotina da personagem, inclusive aos domingos, preocupando-se com os detalhes de sua rotina semanal?
* No decorrer do texto, percebemos que há um momento em que Samuel é tratado por outro nome, Isidoro. Por que ele usa outro nome?
* Realize uma pesquisa sobre o autor Moacyr Scliar e comente suas impressões sobre ele.
* Que tipo de informação você obteve deste texto?

VIII – Percepção de relações de intertextualidade e interdiscursividade

* Leitura do texto: “Circuito fechado”, de Ricardo Ramos que também aborda o cotidiano, a rotina de uma pessoa. Ressaltar que o conto Pausa, apesar de mostrar a fuga de uma rotina, não se desvincula dela, pois usa o relógio para controlar o tempo, o espaço que inicia a história é o mesmo que conclui.Se você tivesse oportunidade de dar uma pausa em sua vida em qual situação você pausaria? Justifique.

CIRCUITO FECHADO
Chinelo, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoadura, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Mesa e poltrona, cadeira, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, telefone. Bandeja, xícara pequena. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vale, cheques, memorando, bilhetes, telefone, papéis. Relógio, mesa, cavalete, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, bloco de papel, caneta, projetor de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeira, copo, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Escova de dente, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, telefone, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesas, cadeiras, prato, talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Poltrona, livro. Televisor, poltrona. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, chinelos. Vaso, descarga, pia, água, escova, creme dental, espuma, água. Chinelos.
Coberta, cama, travesseiro.
Ricardo Ramos. Circuito fechado: contos, 1978.

http://www.pucrs.br/gpt/substantivos.php

* Escute a canção abaixo e responda: Até que ponto o texto “Pausa”, de Scliar dialoga com a canção “Pausa para um choro”, de Zeca Brasil. Que diferença podemos perceber em relação à pausa dada pelos dois autores?


Pausa para um choro


Pausa Para Um Choro
Quero uma pausa pra ouvir
a canção do silêncio
O pulsar do compasso
Do nosso coração
quero um espaço de tempo
Que caiba o sentimento
Que eu tentei com palavras
Encontrar tradução
Pra te dizer que o amor que eu sinto
É mais lindo que um jardim
Na primavera
Tem mais brilho que uma fonte
De água pura, cristalina
É minha sina te amar
Composição: Zeca Brasil


* Qual a relação deste texto com o filme “Click”?


* Na agitação de seu dia-a-dia, há algum momento que você “para”? O que você faz nesse momento? Você acha importante esse intervalo? Por quê?

IX – Elaboração de apreciações estéticas e/ou afetivas e relativas a valores éticos e/ou políticos

* O que você achou do texto? Comente.
* A personagem Samuel tinha o hábito de ir ao hotel todos os domingos para descansar. Em sua opinião, o que o levou a fazer isso?
* A atitude de Samuel foi correta? Justifique.
* O que você acha da relação entre Samuel e a esposa?

** Em muitas famílias, o domingo é o único dia que a família tem para se reunir, aumentando os laços de afinidade familiar. Você acredita que essa atitude da personagem poderia de alguma forma prejudicar os laços afetivos da família? Por quê?