quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Sequência de aprendizagem para a crônica:
O menino que chupou a bala errada
(Stanislaw Ponte Preta)

Público Alvo: 6ªsérie/7ºano
Tempo previsto: 4 aulas
Conteúdo: pontuação, crônica, breve reescrita
Competências e habilidades: ler textos narrativos, reconhecer elementos da narrativa, analisar o emprego da pontuação, localizar e comparar informações e desenvolver a competência leitora.
Estratégias: leitura de texto narrativo, identificação de elementos, análise da pontuação.
Recursos: textos, dicionário.
Avaliação: ocorrerá durante todo o processo desde a participação oral até as questões voltadas as estratégias de leitura.

Ativação dos conhecimentos prévios, antecipação ou predição de conteúdos:
O que sabem sobre os sinais de pontuação?
Quais são os mais usados?
Quais os menos usados?
Por que há a necessidade de pontuarmos os textos?
Vocês utilizam os sinais de pontuação?
Sabem usar a pontuação corretamente? Justifique.

·         Dividir a sala em quatro grupos. Entregar papel com o título: “Testamento” e caneta. Contar a história que dará origem ao exercício:

O Mistério da Herança

Um homem rico estava muito mal, agonizando. Dono de uma grande fortuna, não teve tempo de fazer o seu testamento. Lembrou, nos momentos finais, que precisava fazer isso. Pediu, então, papel e caneta. Só que, com a ansiedade em que estava para deixar tudo resolvido, acabou complicando ainda mais a situação, pois deixou um testamento sem nenhuma pontuação. Escreveu assim:
'Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.'
Morreu, antes de fazer a pontuação. 

A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes.

O objetivo deste exercício é que cada um dos grupos traga a fortuna para o seu lado. Ou seja, a partir de agora, cada um dos grupos agirá como se fossem os advogados dos herdeiros. O grupo 1 representará o sobrinho. O grupo 2 representará a irmã. O grupo 3 deverá fazer com que o padeiro herde a riqueza. E, finalmente, o grupo 4 deverá será responsável para a riqueza do falecido chegar apenas às mãos dos pobres. 

·         Ao final do exercício, após apresentação dos grupos, o professor divulgará como deveria ficar cada um dos textos. 

Resposta:

1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

3) O padeiro puxou a brasa pra sardinha dele:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

4) Então, chegaram os pobres da cidade. Espertos, fizeram esta interpretação: 
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.


·         Nesse momento fazer um breve levantamento sobre pontuação e solicitar que preencham a cruzadinha abaixo.




·         Logo em seguida, expor que será realizado a leitura de uma crônica e analisado sua pontuação. Novamente realiza-se o levantamento do conhecimento prévio:

O que é uma crônica?
Já leram alguma? Qual?
Conhecem Stanislaw Ponte Preta?
Já leram algo deste autor?
·         Iniciar a leitura do título da crônica.

O que sugere este título?
Tendo como base esse título, o que é possível imaginar que acontecerá na história?

·      Realizar a leitura compartilhada efetuando pequenas pausas sempre que necessário para levantamento de hipóteses, comentários relevantes, retomada de algo analisado anteriormente...

O menino que chupou a bala errada

         Diz que era um menininho que adorava bala e isto não lhe dava qualquer condição de originalidade, é ou não é? Tudo que é menininho gosta de bala. Mas o garoto desta história era tarado por bala. Ele tinha assim uma espécie de ideia fixa, uma coisa assim... assim, como direi? Ah... creio que arranjei um bom exemplo comparativo: o garoto tinha por bala a mesma loucura que o Sr. Lacerda tem pelo poder.
         Vai daí um dia o pai do menininho estava limpando o revólver e, para que a arma não lhe fizesse uma falseta, descarregou-a colocando as balas em cima da mesa. O menininho veio lá do quintal, viu aquilo e perguntou para o pai o que era:
         - É bala – respondeu o pai distraído.
         Imediatamente o menininho pegou diversas, botou na boca e engoliu, para desespero do pai que não medira as consequências de uma informação que seria razoável a um filho comum, mas não a um filho que não podia ouvir falar em bala que ficava tarado para chupá-las.
         Chamou a mãe (do menino), explicou o que ocorrera e a pobre senhora saiu desvairada para o telefone, para comunicar a desgraça ao médico. Esse tranquilizou a senhora e disse que iria até lá, em seguida.
         Era um velho clínico, desses gordos e bonachões, acostumados aos pequenos dramas domésticos. Deu um laxante para o menininho e esclareceu que nada mais iria ocorrer. Mas a mãe estava ainda aflita e insistiu:
         - Mas não há perigo de vida, doutor?
         - Não – garantiu o médico: - Para o menino não há o menor perigo de via. Para os outros talvez.
         - Para os outros? – estranhou a senhora.
         - Bem ... – ponderou o doutor: - O que eu quero dizer é que, pelo menos durante o período de recuperação, talvez fosse prudente não apontar o menino para ninguém.
Stanislaw Ponte Preta.

·         Questões:

1) No 1º parágrafo, as reticências foram empregadas:
a) para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo uma interpretação pessoal do leitor.
b) para realçar uma palavra ou expressão.
c) porque os componentes da frase estão em ordem inversa.
d) para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.

2) No texto, predomina o diálogo. Observe os sinais de pontuação e responda?
a) Para que serve os dois pontos?
b) E o travessão, como foi empregado?

3) Na sua opinião, como ficaria o texto sem as falas das personagens? Justifique.

4) O texto lido contém diálogos, o que é comum ocorrer nas crônicas. Porém, também é possível que o narrador descreva as conversas e as ações que quer contar. Transforme o diálogo abaixo num discurso indireto.
         - Mas não há perigo de vida, doutor?
         - Não – garantiu o médico: - Para o menino não há o menor perigo de via. Para os outros talvez.
         - Para os outros? – estranhou a senhora.
         - Bem ... – ponderou o doutor: - O que eu quero dizer é que, pelo menos durante o período de recuperação, talvez fosse prudente não apontar o menino para ninguém.

5) Identifique a quem pertence a fala:   “Mas não há perigo de vida, doutor?”

6) “... o garoto tinha por bala a mesma loucura que o Sr. Lacerda tem pelo poder.” Pelo comentário do narrador, você consegue imaginar que tipo de pessoa era o Sr. Lacerda? Comente.

7)  O texto apresenta um narrador, isto é, aquele que nos conta o acontecimento. O narrador deste texto é personagem ou é apenas um observador? Retire exemplos do texto que comprove sua resposta.

8)   Transcreva uma passagem do texto em que o narrador conversa diretamente com o leitor.

9)   Quantos personagens participam ativamente do acontecimento. Quais são?

10) “Chamou a mãe (do menino).” Por que o narrador explica, entre parênteses, que era a mãe do menino?

11)  Por que o menino poderia representar um perigo de vida para os outros?

12) O trecho que indica HUMOR é:
(A)    “Diz que era um menino que adorava bala e isto não lhe dava qualquer condição de originalidade.”
(B)   “Chamou a mãe do menino explicou o que ocorrera e a pobre senhora saiu desvairada para o telefone para comunicar a desgraça ao médico.”
(C)   “Bem... ponderou o doutor: - o que eu quero dizer é que pelo menos durante o período de recuperação talvez fosse prudente não apontar o menino para ninguém.”
(D)   “Ah... Creio que arranjei um bom exemplo comparativo: O garoto tinha por bala a mesma leitura que o Sr. Lacerda pelo poder.”

13) “... a pobre senhora saiu desvairada para o telefone ...” Dê um sinônimo para desvairada. Se necessário, consulte um dicionário.

14)   Podemos encontrar, no texto, duas palavras que podem ser usadas no lugar da palavra médico. Quais são?

15) “Deu um laxante para o menininho.” Você diria que laxante é:
a)    remédio para o sistema nervoso; o mesmo que calmante;
b)   remédio para os intestinos; o mesmo que purgante;
c)    remédio para a garganta; o mesmo que xarope.

16) “... para que a arma não lhe fizesse uma falseta...” O que você entende por “fazer uma falseta”?

17)   Retire o acento agudo da palavra revólver. Você terá, assim, uma outra palavra. Escreva uma frase empregando essa nova palavra obtida.

18)   Coloque, agora, acento nas palavras medira e ocorrera. Você terá, assim, outras palavras. Que sentido elas têm? Escreva frases empregando essas novas palavras obtidas.

19) Vimos no texto a confusão resultante da dupla interpretação de uma mesma palavra (bala), que tem vários significados.
a)  Escreva duas frases utilizando a palavra bala. Em cada uma delas, dê um significado diferente.
b) “O homem carregou o revólver.” Dê duas interpretações diferentes para o verbo carregar, na frase.

20) Quantas vezes aparece a palavra menininho no texto? Que outros vocábulos poderiam ser empregadas no seu lugar?

·         Sugerir a leitura do texto a seguir para reforçar o estudo da pontuação:

Sinais de Pontuação

Pontos de Vista
Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português quando estourou a discussão.
— Esta história já começou com um erro — disse a Vírgula.
— Ora, por quê? — perguntou o Ponto de Interrogação.
— Deveriam me colocar antes da palavra "quando" — respondeu a Vírgula.
— Concordo! — disse o Ponto de Exclamação. — O certo seria:
"Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português, quando estourou a discussão".
— Viram como eu sou importante? — disse a Vírgula.
— E eu também — comentou o Travessão. — Eu logo apareci para o leitor saber que você estava falando.
— E nós? — protestaram as Aspas. — Somos tão importantes quanto vocês. Tanto que, para chamar a atenção, já nos puseram duas vezes neste diálogo.
— O mesmo digo eu — comentou o Dois-Pontos. — Apareço sempre antes das Aspas e do Travessão.
— Estamos todos a serviço da boa escrita! — disse o Ponto de Exclamação. — Nossa missão é dar clareza aos textos. Se não nos colocarem corretamente, vira uma confusão como agora!
— Às vezes podemos alterar todo o sentido de uma frase — disseram as Reticências. — Ou dar margem para outras interpretações...
— É verdade — disse o Ponto. — Uma pontuação errada muda tudo.
— Se eu aparecer depois da frase "a guerra começou" — disse o Ponto de Interrogação — é apenas uma pergunta, certo?
— Mas se eu aparecer no seu lugar — disse o Ponto de Exclamação — é uma certeza: "A guerra começou!"
— Olha nós aí de novo — disseram as Aspas.
— Pois eu estou presente desde o comecinho — disse o Travessão.
— Tem hora em que, para evitar conflitos, não basta um Ponto, nem uma Vírgula, é preciso os dois — disse o Ponto e Vírgula. — E aí entro eu.
— O melhor mesmo é nos chamarem para trazer paz — disse a Vírgula.
— Então, que nos usem direito! — disse o Ponto Final. E pôs fim à discussão.

Conto de João Anzanello Carrascoza, ilustrado por Will.
Revista Nova Escola - Edição Nº 165 - Setembro de 2003


O que achou do texto?
Com base nas informações analisadas e seus conhecimentos sobre pontuação, preencha a tabela a seguir:
  
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Ponto final – aparece no final de frases e indicam que estão completas.
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...

“  ”

(  )

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